KAREN: um romance de uma garota "bela, recatada e do lar"




Longe de ser um modelo de como a mulher moderna deve ser ou agir Karen é um romance sobre construção e desconstruções, sobre discutir valores, quebrar tabus e conceitos estabelecidos sobre o que é normal ou não. Logo no início do primeiro livro Catarina (apelidada de Karen) tem uma discussão com a mãe sobre casamento, para a Senhora Bastos a filha tinha de tomar uma decisão em casar ou separar definitivo do namorado porque a relação estava tornando-se prolongada demais e não era natural para a sociedade que a filha não fosse mais virgem, dormisse na casa do noivo e não tivesse um compromisso mais sério com ele. Karen começa a questionar a mãe quanto a cobrança social, ora, se ela se sentia cobrada então era justo que começasse a cobrar dos outros também. O sonho da sua mãe sempre fora que a filha seguisse o seu modo normótico de vida da mulher “bela, recatada e do lar”, claro que esta fora uma escolha da Senhora Bastos e não há nada de errado nisso, a crítica se deve ao seguinte questionamento “seria esse um modelo ideal na qual todas as mulheres deveriam seguir? ”, ninguém nunca perguntara o que Karen queria, ela apenas fazia o que “uma mulher de verdade deveria fazer” e a parte interessante da história acontece quando Karen começa a ter decisões sobre o que ela realmente quer fazer, sobre seus questionamentos sobre quem ela quer ser, então temos aí um começo de várias problematizações na vida da garota.
            O que acontece com a personagem é uma desconstrução, ela conseguiu libertar-se da garota idealizada pela mãe e pelo namorado Eduardo, agora os problemas começavam a surgir porque Karen teria de fazer escolhas, teria que desconstruir tudo aquilo que não era ela, na obra não é questionável se as escolhas de Karen é certo ou errado, não há juízo de valor, porém é mostrado as consequências e sofrimentos, nas duas partes da obra temos a partir daí uma discussão filosófica com os personagens sobre machismo, preconceito, racismo sexualidade, amor, casamento e liberdade. Ao final Karen entende que tudo é relativo, que a normalidade é algo que muda de acordo com a cultura e a civilização, que o papel da mulher na sociedade é aquele que ela desejar, seja do lar, do trabalho, da arte, da política, não importa onde ela queira atuar, quem ela deseja ser, com quem ela quer se relacionar, mesmo numa sociedade ainda patriarca a mulher constitucionalmente tem os mesmos direitos e deveres como cidadã. “Karen cansou de ficar na plateia, ela queria subir ao palco da sua vida e o fez” e todo o conjunto da obra em si é um ato de emancipação não só da mulher, mas de qualquer um que sinta oprimido por não se encaixar nos ditos padrões sociais.

Quem desejar conhecer mais acesse o site da editora Multifoco ou a pág. do livro.



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